quinta-feira, 17 de junho de 2010

Sobre paredes e alicerces

Quando comecei esse Bolg achei aqui um espaço para a expor meu sentimento para o "outro", um espaço sem fronteira, sem parede. Livre. Mas depois desses anos, tenho que admitir, percebi que as paredes são fundamentais para a vida numa sociedade civilizada. Naturalmente o debate sobre o que é uma sociedade civilizada merece todo um livro, contudo considero nesse texto sociedade civilizada como um espaço no qual homens e mulheres podem conviver juntos num mesmo lugar. Nessa sociedade as paredes tornam-se fundamentais. Aliais elas foram justamente um dos principais passos dados para tal sociedade. Durante a revolução neolítica com o assentamento do homem, as paredes, contribuíram fundamentalmente para isso. Acredito que com o passar do tempo elas se tornaram cada vez mais necessárias em determinadas sociedade, em especial a sociedade ocidental. Contudo mesmo em determinadas tribos indígenas algumas pessoas de destaque na tribo possuem ocas separadas (os pajés, por exemplo), ou seja, há necessidade da privacidade e da proteção. Logicamente as paredes são associadas a privacidade, elas contribuem para distinção entre o que é publico e o que não. São elas que quando ampliadas e imaginadas constiuem as fronteiras. E quando grandes os muros. Mas são todas paredes. Minha necessidade pela liberdade me fez entender que só precisa ser livre quem não é. Quando se é livre de verdade não serão as paredes as barreiras sociais e outras tantas barreiras que serão capazes de suprimir a liberade. Ora, o leitor deve pensar, mas que raio de liberdade ela está falando? Uso o termo liberdade para falar de algo essencial, uma vez que na minha visão liberdade genuína é um "tipo ideal" não existe. Vivemos numa sociedade que nos tolhe, no incentiva, nos doutrina e nos molda - essas forças vivem todas dentro de cada individuo, em maior ou menor grau, naturalmente. O que existe é o desejo de não estar completamente sujeito à essas forças, de não se completamente à margem delas. Por outro lado, alguém que não se sinta suprimido por tais forças e que seja capaz de equacioná-las para decidir quanto, como e quando ceder ou não aos demais sujeitos de sua vida, é livre. E mais é livre o bastante para compreender que não serão as paredes o motivo de sua opressão.

A liberdade é algo intrínseco ao ser humano, mas é também intrínseco ao ser humano a vida em sociedade e pra isso as paredes nos servem muito bem. Elas nos reservam o direito à sair e voltar. A nos abrigar do vento e da chuva e também do sol. Nos permitem colocar a rede, e colocar janelas. Se não fossem as paredes não haveriam portas, não é?
Meus post antigos voltaram para o lugar do qual nunca deveriam ter saído, para dentro das paredes, já que entre 4 paredes vale tudo :)